Consistência de escrita e péssimo sentido de orientação/ Writing consistency and a terrible sense of orientation
Às vezes há pessoas que me dizem que escrevo imenso, seja aqui, nas histórias em que estou a trabalhar, no instagram, onde quer que seja. É verdade. O que as pessoas talvez não entendam - a não ser aquelas que escrevem também - é que isso acontece por necessidade, sobretudo no que toca às histórias em que estou a trabalhar. A escrita não permite férias, ou, permitindo, não podem ser de muita longa duração, ainda mais quando se trata do primeiro rascunho.
Escrever uma história nova é como passear numa cidade desconhecida sem mapa e eu tenho um péssimo sentido de orientação. Felizmente, já tive a oportunidade de viajar sozinha para vários sítios e sei bem que a única forma de me orientar numa cidade nova (sem ser recorrer ao Google Maps ou algo do género) é repetição e consistência, fazer os caminhos até que eles fiquem cravados na minha memória e eu já consiga fazê-los sem pensar.
Não há mapas para a escrita. Há planos, mas os meus nunca são muito concretos e sei bem que, por mais que existam, podem sempre ser alterados. A única forma de não perder pé à história é trabalhar nela todos os dias. Ainda estou a aprender a planear a escrita. Embora saiba que é necessário não me é natural. Neste momento, tenho um início sólido, tenho uma reviravolta que sei que vai acontecer daqui a uns capítulos, e um final até ao qual caminhar.
Quando não é possível sentar-me ao computador a escrever ou não consigo sequer estar uns minutos sozinha com o meu caderno, safam-me as notas no telemóvel (são dezenas) para não me esquecer de onde fiquei na história, de para onde quero que ela vá a seguir. Mesmo assim, basta passarem dois ou três dias sem me sentar a escrever para já não saber orientar-me bem na minha própria história e ter de me lembrar do rumo que defini. Ainda assim, claro, é preciso saber desligar e dar um descanso ao cérebro de vez em quando. Quase como com o exercício físico e os músculos. Mas torna-se mais difícil por saber quão difícil é depois o regressar.
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Sometimes people tell me I write so much, either here, while working on stories or on instagram, wherever. It's true. What people might not understand - at least those who do not write - is that is a necessity, especially when it comes to the stories I am working on. Writing doesn't take breaks or it only allows for very short ones, even more so when we are writing a first draft.
Writing a new story is walking in a new unknown city with no map and I have the worst sense of orientation. I have been lucky enough to be able to travel alone in several places and I know the only way to find my way around in a new city (without using Google Maps or something similar) is repetition and consistency, always taking the same paths until they're carved into my mind and I don't have to think about where I am going.
There are no maps for writing. There's planning, but it's never too concrete and I know it can always be changed. The only way to not get lost in my own stories is working on them every day. I am still learning to plan my writing. Although necessary, it never came naturally to me. I currently have a solid beginning, a planned twist for chapters farther ahead and an ending towards which I am writing.
When I can't sit down at my laptop and write or even be alone for a few minutes with my notebook, I use the notes on my phone (there are dozens of them currently), so I don't forget where I am in the story and where I want it to go next. Even so, two or three days without writing are enough for me to not know as well where the story is going. Of course, it's important to take breaks, much like muscles and exercise. But that's harder to do when I know how tough it is to come back to the story afterwards.
