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Inês N. Almeida

Inês N. Almeida

Nova rotina de escrita/New writing routine

Inês Nobre de Almeida, 14.08.25

Encontrei um trabalho! Leitores, celebrem comigo. Só foi preciso mais de um ano e cerca de 300 candidaturas. Talvez mais. É difícil contar quantas foram. Desde Abril do ano passado que não tinha um trabalho a tempo inteiro. Ia fazendo os chamados biscates, aqui e ali. Infelizmente, não dá para viver assim. Digo "infelizmente" porque, claro, sem um trabalho a tempo inteiro, tinha mais tempo para escrever. Agora, como tantos outros escritores em Portugal (inclusive autores publicados), vou ter de conciliar a minha escrita com um emprego a tempo inteiro. 

Quando conheci a Filipa Amorim na Feira do Livro de Portimão ela disse que escrevia sobretudo de manhã antes de ir para o trabalho. O Fábio Ventura, pelo contrário, escolhe fazê-lo à noite. Eu gosto mais de escrever de manhã. São 08:50 agora. Os meus horários não vão ser sempre os mesmos, hão-de ser rotativos, mas, se conseguir, continuarei a tirar um bocadinho da minha manhã para acabar as revisões na história em que estou a trabalhar. Claro, também para escrever o meu textinho semanal para o blogue. 

É curioso de pensar que tenho quase que voltar a quando criei este blogue (Dezembro de 2023) para me lembrar do que eram as minhas rotinas de escrita com um trabalho a tempo inteiro. Como não tenho assim a memória mais prodigiosa do mundo, tenho mesmo é de criar uma nova. Por isso, num mundo ideal, assim passarão a ser os meus dias: acordar, pequeno-almoço, escrita, trabalho, descanso. Em alguns dos dias gostava de também ir ao ginásio. Nesses seria: acordar, pequeno-almoço, ginásio, escrita, trabalho, descanso. Se a escrita tiver de ficar para depois do trabalho, que seja. Tenho de saber ser flexível. 

Acho que ajuda estar numa fase que é de revisão/reescrita e não de primeiro rascunho. Os primeiros rascunhos requerem mais planeamento, mais escrita e, portanto, muito mais tempo. Na revisão é mais fácil adoptar aquela máxima que tanta gente usa para a escrita (sobretudo os de nós que têm outros trabalhos também): escrever todos os dias, não importa quanto tempo. Se conseguir escrever uma hora ou duas? óptimo. Se só conseguir meia-hora ou vinte minutos, está tudo bem também. O que interessa é a história avançar. 

Também escrevem? Como é que organizam o vosso tempo e conciliam com trabalho? Aceito dicas!

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I got a job! Readers, celebrate with me. It only took over a year and about 300 applications. Maybe more. It's hard to keep track. I haven't had a full-time job since April last year. I did a few things here and there, but, unfortunately, a person can't make a living like that. I say "unfortunately" because, of course, without a full-time job, I had so much more time to write. Now, like many other writers, I'll have to write around my full-time. 

When I met Filipa Amorim in the Portimão Book Fair she said she mostly wrote in the mornings, early, before work. Fábio Ventura, on the other hand, prefered writing in the evening. I write better in the morning. It's 08:50 now. My schedule will not always be the same, it's going to alternate, but, if I can, I'll keep taking a little bit of my morning to edit the story I am working on and, of course, to write the weekly blog post.

It's funny to think that I have to almost go back to when I created this blogue (December 2023) to remember what my routines were like with a full-time job. Since I don't have the greatest memory in the world, I might as well create a new one. So, in an ideal world, here's what my days would be from now on: wake up, breakfast, writing, work, rest. In some of the days I'd also like to go to the gym, so, in those it would be: wake up, breakfast, gym, writing, work, rest. If I have to write after work instead, that's find. I have to be flexible.

I think it's good I'm in an editing/revision stage and not writing a first draft. First drafts require more time, more writing, more planning. In revisions I can work like so many people say (especially those with other jobs at the same time): write every day. If I can only do half an hour or 20 minutes, that's ok. The important thing is to keep the story moving forward.

Reader, do you also write? How do you organize your time and manage work? Accepting tips!

 

 

 

Consistência de escrita e péssimo sentido de orientação/ Writing consistency and a terrible sense of orientation

Inês Nobre de Almeida, 08.08.24

Às vezes há pessoas que me dizem que escrevo imenso, seja aqui, nas histórias em que estou a trabalhar, no instagram, onde quer que seja. É verdade. O que as pessoas talvez não entendam - a não ser aquelas que escrevem também - é que isso acontece por necessidade, sobretudo no que toca às histórias em que estou a trabalhar. A escrita não permite férias, ou, permitindo, não podem ser de muita longa duração, ainda mais quando se trata do primeiro rascunho. 

Escrever uma história nova é como passear numa cidade desconhecida sem mapa e eu tenho um péssimo sentido de orientação. Felizmente, já tive a oportunidade de viajar sozinha para vários sítios e sei bem que a única forma de me orientar numa cidade nova (sem ser recorrer ao Google Maps ou algo do género) é repetição e consistência, fazer os caminhos até que eles fiquem cravados na minha memória e eu já consiga fazê-los sem pensar. 

Não há mapas para a escrita. Há planos, mas os meus nunca são muito concretos e sei bem que, por mais que existam, podem sempre ser alterados. A única forma de não perder pé à história é trabalhar nela todos os dias. Ainda estou a aprender a planear a escrita. Embora saiba que é necessário não me é natural. Neste momento, tenho um início sólido, tenho uma reviravolta que sei que vai acontecer daqui a uns capítulos, e um final até ao qual caminhar. 

Quando não é possível sentar-me ao computador a escrever ou não consigo sequer estar uns minutos sozinha com o meu caderno, safam-me as notas no telemóvel (são dezenas) para não me esquecer de onde fiquei na história, de para onde quero que ela vá a seguir. Mesmo assim, basta passarem dois ou três dias sem me sentar a escrever para já não saber orientar-me bem na minha própria história e ter de me lembrar do rumo que defini. Ainda assim, claro, é preciso saber desligar e dar um descanso ao cérebro de vez em quando. Quase como com o exercício físico e os músculos. Mas torna-se mais difícil por saber quão difícil é depois o regressar. 

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Sometimes people tell me I write so much, either here, while working on stories or on instagram, wherever. It's true. What people might not understand - at least those who do not write - is that is a necessity, especially when it comes to the stories I am working on. Writing doesn't take breaks or it only allows for very short ones, even more so when we are writing a first draft.

Writing a new story is walking in a new unknown city with no map and I have the worst sense of orientation. I have been lucky enough to be able to travel alone in several places and I know the only way to find my way around in a new city (without using Google Maps or something similar) is repetition and consistency, always taking the same paths until they're carved into my mind and I don't have to think about where I am going.

There are no maps for writing. There's planning, but it's never too concrete and I know it can always be changed. The only way to not get lost in my own stories is working on them every day. I am still learning to plan my writing. Although necessary, it never came naturally to me. I currently have a solid beginning, a planned twist for chapters farther ahead and an ending towards which I am writing.

When I can't sit down at my laptop and write or even be alone for a few minutes with my notebook, I use the notes on my phone (there are dozens of them currently), so I don't forget where I am in the story and where I want it to go next. Even so, two or three days without writing are enough for me to not know as well where the story is going. Of course, it's important to take breaks, much like muscles and exercise. But that's harder to do when I know how tough it is to come back to the story afterwards.