Review "The Leftovers"

2/5
Abril foi um mês de óptima escrita mas de leituras pouco satisfatórias. Não sei como é convosco mas, para mim, ler um mau livro é como comer uma má refeição: deixa uma certa sensação de desperdício que não me agrada, quanto mais não seja desperdício do meu tempo. Se bem que diz-se (e eu até concordo) que com maus livros também se aprende.
Ainda assim, é preciso dizer: "The Leftovers", de Tom Perotta, o terceiro e último livro que li em Abril, tem uma boa premissa. Anos após o que foi descrito como um evento apocalíptico em que milhões de pessoas desapareceram da face do planeta sem explicação, os cidadãos de uma pequena cidade - Mapleton - ainda têm dificuldade em lidar com as perdas que sofreram e com o regresso da vida à normalidade possível.
Conhecendo esta premissa e tendo o livro sido recomendado por um grande amigo que conhece muito bem os meus gostos literários, tinha expectativas altas para esta história. Porém, depressa me deparei com o motivo que me levou a não gostar de o ler - uma descarada e insuportável misoginia. Todas as personagens femininas do livro são objectificadas - se jovens, são descritas como atraentes, há constantes referências aos seus seios e ao resto do corpo também; Nora, uma das personagens principais, tem 46 anos, e é descrita como se já estivesse a definhar. A certo ponto, ainda bastante no início, pode ler-se "Mas ela era uma mulher de meia idade, uma esposa e mãe de 46 anos, cujos melhores anos já estavam atrás dela. Meg, era uma jovem de vinte e poucos anos, sexy".
Mais para a frente, sobre as mesmas duas personagens, surge esta frase: "Elas só tinham tido um encontro desagradávek com um par de otários fora do hotel. Não tinha sido horrível, apenas os insultos habituais e comentários sexuais vindos do que estava mais bêbedo, um homem bem-parecido e sorriso arrogante que pôs o braço à volta de Meg como se fosse sua namorada e disse 'eu fodo a bonitinha, tu podes ficar com a avó".
E daí para a frente só piora. Iria escrever uma publicação muito, muito longa se vos contasse todos os pontos desta história que me fizeram atirar o kindle pela janela do autocarro onde normalmente leio. Terminei o livro uma vez que o enredo era, de facto interessante mas confesso - esta constante objectificação das personagens femininas fizeram com que não prestasse atenção a muito do que estava a acontecer.
Este mês de Abril foi um dos momentos da minha vida em que dei por mim a pensar muitas vezes "felizmente, há muitos mais livros para ler" e tenho dois planeados para este mês pelos quais estou muito ansiosa! Aguardem. E boas leituras desse lado!
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2/5
April was an amazing writing month but terrible in the reading department. I don't know about you guys but, for me, reading a bad book is like having a bad meal: I'm left with a feeling of wastefulness I do not like, at the very least, waste of my time. Although, it's said (and I believe), I can also learn from bad books.
I have to say: "The Leftovers" by Tom Perotta, the third and last book I read in April, has a great premise. Years after what is described as a cataclismic event in which millions of people just vanish from the face of the planet with no explanation, the residents of a small town - Mapleton - are still struggling to deal with loss and with moving on with their life.
Knowing this premise beforehand and having the book been recommended to me by a friend who knows my literary tastes so well, I had high expectations. But soon I was faced with the reason which makes me hate it - an unbearable misoginy. All the female characters are objectified. If they're young, they're always hot and there are numerous comments on their bodies. Nora, one of the main characters, is 46 and is described as if she is withering already. At a certain point is said "But she was a middle-aged woman, a forty-six year old wife and mother whose best years were behind her. Meg was sexy, wide-eyed girl in her midtwenties."
And it goes on. At some point, the two characters have a chance meeting with two men on the street. This is how the situation is described: "It hadn't been horrible, just the usual insults and a crude sexual invitation from the drunker of the two, a good looking guy with an arrogant grin, who put his arm around meg as if she were his girlfriend. 'I'll fuck the pretty one. You can have grandma".
It doesn't end there. I could write a very long post if I were to explain all the points in the book I felt like throwing my kindle out of the bus window. I finished the book anyway, only because I was invested in the premise. Still, I admit, the constant mysoginy made me barely pay attention to what was happening in terms of plot after a while.
In April, I found myself thinking that, fortunately, there are plenty of great books I will still read. I have two planned for May which I am really excited about! Wait for it. Happy readings!